Agora meu quarto tem um algo.
Um algo que me faz passar mais tempo lá, que me faz sentir mais aqueles tempos que tanto admiro.
Agora eu posso passar tardes ouvindo discos antigos, Rita Lee, Milton nascimento, Talking Heads, Chicago, Peter Frampton, Supertramp, Bob Marley, na minha discoteca você acha de tudo um pouco..
Claro que a maioria não foi montada por mim, exeto a trilha de 'la bamba' e o 'Rock in rio' que o Barão vermelho participou, nenhum daqueles discos saíram do meu bolso.
São na verdade comprados desde muito tempo, pelos meus pais... Discos que chamaram atenção, de bandas que gostava, presentes de aniversário, dia dos namorados, aniversário de namoro, mimos... agrados. A maioria ali tem tanto sentimento quando valor histórico pra mim. Nada melhor que colocar aquele disco do Nenhum de nós, e ouvir a musica que embalou o romance dos meus pais, Astronauta de Mármore.
Bom, ao meu lado o indispensável café, e um bom livro. Aquele cheiro de disco com poeira e livro guardado são indiscutivelmente apaixonantes, tenha alergia a poeira ou não...
É claro que o meu toca discos não está nas melhores condições de uso, não é novíssimo, não é nem semi-novo... é velho mesmo! Mas funciona, e o principal, É MEU!
É preto, ocupou metade da minha mesa de estudos, grande e um pouco desengonçado, é um aparelho da Philips, que vinha 3 em 1 - toca discos/Rádio/toca fitas, você comprava depois, separadamente o toca Cd's. Aqui temos todos juntos, um encima do outro... a tampa do toca discos é cinza/transparente, com a agulha da ponta vermelha...
Deu um ar todo retrô ao meu quarto, e provavelmente, quando colocar aquele antigo telefone vermelho, que ganharei de minha avó, encima da comoda, ficará ainda mais belo. Ele próprio cheira à poeira.
Os discos estão guardados no meu guarda roupa, em uma parte separa justamente para eles... Cheira a papel velho, é uma delícia. Alguns estão muito arranhados, ou empenados por terem sido guardados da maneira errada por muito tempo, outros muito mais conservados que a maioria dos meus Cd's... Mas o som não sai perfeito, a agulha é muito antiga, muito desgastada (talvez eu vá atrás de uma nova).. Mas não posso negar que o próprio fato de o som ficar 'trash' com a agulha velha não deixa mais emocionante... Um pouco de barulho desnecessário saindo das caixas, vozes com ecos, chiados, oscilações... Não atrapalham o meu sentimento de satisfação.
-(re)Nasce das cinzas, uma nova empolgação em mim.
Passar as tardes cinzentas e chuvosas ao lado de um bom e velho disco, café, livros, e cheiro de poeira passou a ser minha melhor atividade tranquilizante.
Entretenimento que faz com que meus nervos se acalmem e me faz esquecer por algumas horas, todo o desespero existencial que me encontro a tantos meses.
Chega então uma nova era, sendo agregada aos antigos hábitos (já com tendências ao antigo)...
Anuncio então a adição da era 'disco de vinil' aos meus antigos: 'Cinema clássico, rock'n'roll das antigas, mpb e bossa nova, fotografia e desenho, escrita e reflexão, Análises sociais superficiais, livros, e agora, Disco de vinil'...
Um comentário:
haha! me deu até saudade do falecido/desaparecido toca discos que tinha lá em casa!
E essa nostalgia de um tempo em que não se viveu? Acho que é patológico do ser humano ...
Vejo que está em um caminho de auto-conhecimento, aprendendo a passar mais tempo consigo mesmo e aproveitando esses momentos cada vez mais escassos nos tempos modernos.
Enfim, curta bastante seu novo toca-discos velho!
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