domingo, 5 de julho de 2009

Angustiantemente uma zé ninguém


A angustia me acompanha nos momentos em que não tem ninguém perto, nos momentos em que os olhos alheios, querosos por assistirem falhas de conduta não me observam.

O tic tac do relógio, antes calado pelo barulho abafado das risadas na sala, do som da tv, das teclas do computador, agora soa com força por toda casa, eu não sei o que acontece, o que faz com que vibre tão fortemente, como se em cada estalar de segundo metade de uma pilha fosse gasta, percorre o cérebro, bate na porta dos neurónios e faz a bagunça que acha necessária pra me enlouquecer.

Se me observassem naquele momento, raros achariam que estivesse em minha condição normal, o som da cidade vibra tão forte em meu peito, porque o silencio me traz assim, de tão perto, a realidade?

Eu não me importo de sentir a realidade, afinal de contas é o que eu realmente busco nas terras desconhecidas, nas palavras escorridas de outras pessoas, no olhar ressecado de pessoas na rua... Meu problema é com a realidade própria, a minha realidade, a minha falta de compromisso comigo mesma, isso me mata... me queima.

Saber que na verdade você não é nada, não representa coisa alguma, é só mais uma mera partícula de matéria, esquecida... em uma cidade que mal aceita seu jeito.

Sua impotência perante o mundo, sua necessidade de falar com palavras macias o mundo belo que imagina, mas na verdade ver que não mexe um dedo pra mudar a situação.

Eu sempre disse de tantas mudanças externas, que fui deixando o interno como segundo plano, aonde está meu bom senso?

As vozes estão a alguns kilometros daqui, eu sei, os cachorros não latem na minha porta, eu sei, não há nenhum som ligado, metade de tudo isso... nem existe.

Estou doida? Ou estou me fazendo de uma?

Não sei se sou eu mesma que penso, ou me faço pensar, me respondo, e tento me convencer ao mesmo tempo que faço o oposto.

Crises de angustias são normais, mas essa falta de ar, esse batimento cardíaco acelerado... Isso de fato não é por um motivo atoa.

Eu não me cobro, eu não faço nem 1% do que espero de mim mesma, porque não crio vergonha na cara, e ao invés de fazer um relatório de um piti qualquer de menina tola, não vou continuar meus estudos biológicos?

Botânica tem mais utilidade em um vestibular do chão frio e mãos quentes...


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