quarta-feira, 25 de abril de 2012
Anotações breves de conflitos extensos
Aprecio sentir que a partir da minha não-violência eu posso fazer o inquieto gostar de mim.
Canais podem ser limpos com sonoridade.
Toda curiosidade vem da necessidade de interpretação território/lugar/paisagem/espaço.
E por fim gostaria de agradecer a todos por sua ilustre presença no teatro de improvisação da minha vida. Por favor não deixem gorjetas.
As vezes a constância te da o inconstante que te agrada. Quem fica parado congela.
Pessoas sensíveis sempre associam gostar com zelo, mas elas não são as únicas certas.
quarta-feira, 3 de agosto de 2011
Baile do desajuste
Noite, em uma avenida de grandes paralelepípedos anda um criança-moça de aparência moldável e flexível, sempre anda conforme o andar da carruagem. Tropeça as vezes, se esconde atrás de postes, senta na calçada. Seu trajeto é único e definitivo, está sempre perdida. Por todo esse emaranhado de ruas quase idênticas existem diversos ambientes, com portas convidativas, com luzes chamativas (ou não), com cores vibrantes (ou não). Ela cambaleando como bêbada, bêbada de si, tropeça no degrau e assume a mais nova aventura da noite, dessa eterna noite em que vive. Se redefine. É mais viável se portar assim, é mais viável usar trajes assim, é mais viável se conter, é mais viável não ser. Uma luz amarelada, um bar. Um atendente que está sempre limpando os copos com seu pequeno pano de prato branco como neve, exibe um belo bigode em seu rosto, lembra um português. Vê a moça que se aproxima ainda com ar embriagado, lhe é cortês, pergunta o que deseja com letras graves, demonstrando toda sua decisão de estar ali. Ela se sente acuada (como se sente por qualquer outra coisa), mas é mestre na arte de desfilar semblantes plácidos, sabe como ninguém representar um teatro social, reconhecendo a máscara que melhor lhe cabe no momento. Solta alguma frase genérica, mas que tenha algum impacto, pois quer ser suave, mas nem tanto... Mesa de sinuca, o tecido verde nunca parecerá tão verde. Copos e canecas de decoração, parecia algo familiar, como a casa de algum parente querido que mora longe. Se sente mais a vontade, mais do que se sentiria na casa do parente que possui o mesmo tom, tom de gargalhada alta e ofensiva. Mas com ela geralmente é assim, se sente mais livre no não-familiar. É mais fácil fazer cena quando ninguém te viu crescer... Vazio. Sem ninguém. Senta em um banco de madeira, e como está sozinha, não precisa fazer tipo, nem social. Mas faz, pois a vida sempre lhe convida para o baile. Passa algum tempo olhando para o nada, pensamentos que nunca se concluem latejam em sua mente, é confusa, mas não assume, tem vergonha de assumir. Chegam pessoas de desejável companhia, e algum vazio, em algum canto de si se preenche. Ainda assim parece não estar satisfeita, como se sempre houvesse um banco vazio ao seu lado, como se nada fosse tão importante assim. O que não é surpreendente, já que não é tão afável para si mesma. Se sente frágil, mas convém engolir um pouco de alegria, e desfilar seu bom humor, que claro, combina com seus novos jargões. São horas agradáveis, não há do que reclamar. Mutilou a todos com seu teatro, funcionou mais uma vez a sua fórmula mágica da aceitação social. Ela levanta antes de todos, retribui o bom atendimento com simpatia: sua mais válida gorjeta. Volta para seu (des)trajeto antigo e segura a máscara enquanto ainda podem lhe ver. Ainda não achou o que procurava. Vê na esquina, algo que parece ter alguma resposta para a pergunta que ainda não achou. Dessa vez está sozinha de si, cansada de ser, vai deixar se florir de si no próximo papel, distante e contida. É uma floricultura, também distante e contida. Se sente bem, como sempre se sentiu perto dessas coisas carregadas de energia pura. Cheira algumas flores, observa os detalhes das folhas e algumas lembranças saudosistas pulsam. Sente falta, mas sabe que não deve sentir, por isso disfarça pra si. Fica um pouco mais, finge analisar pra tentar se recompor. Se recompor disso que lhe falta. Mas, o que lhe falta? Resolve sair, antes que isso volte a ser maior do que ela. Tem medo de descobrir que essa é a resposta. Não achou o que procurava. Sai. Caminha algumas quadras, dessa vez com ritmo de caminhada. Está fugindo, mas não quer que percebam. Para em frente a uma escola, resolve não entrar e fica parada ao lado do pipoqueiro. Gargalhadas são mais doces quando florescem em corações sem amargura. Não que ela seja amargurada, apenas não consegue apreciar com tanto louvor todo esse teatro da alegria material. Parece hipocrisia o quão é boa atriz nessa peça que não lhe convém. Se lembra de quando começou a afogar dentro dos outros, sempre se entregou tão assídua que não conseguia interpretar. Quando percebe tudo que é abstrato deixou de existir, tempo e espaço não estão mais ali. Ela também se mergulha dentro de si. Mas não se encontra lá, está perdida dentro de seu perdido. A única coisa que sente e vê é uma névoa sentimental colorida e por vezes cintilante que obstrui todo seu raciocínio lógico e claro. E ela, a névoa, está lá, cobrindo as ruas, tampando as fachadas e transformando tudo nos seus eternos conceitos pontuais e vagos sobre tudo que lhe circunda, Como se tudo pudesse ser nomeado de uma forma genérica, sem atribuir adjetivos e qualidades, mas no mesmo padrão de suas máscaras. Vê o pipoqueiro: Tão puro. Farmácia: Tão sintético. Supermercado: Tão múltiplo. Loja: Tão fútil. Carro: Tão prático. Chão: Tão Frio. Mãos: Tão quentes. Olhos: Tão profundos. Água: Tão sincera. Nós: Tão unos. Eu: Tão vazia.
E só percebe que andou algumas ruas, quando um conhecido a vê de longe e solicita a sua adorável presença. E agora? qual o melhor traje pra essa ocasião? Ela está presa nesse jogo, e não sabe mais como jogar os dados. Quer ter hálito fresco.
domingo, 17 de julho de 2011
Só se for canastra suja
domingo, 19 de junho de 2011
Membrana
E será que há dito sujeito que, por estar dentro demais, nunca tenha olhado ao seu redor com olhos de quem tem gula pelo algo que não se sabe explicar? Que sorri mostrando dentes de certeza, que abraça o ciclo sintético das coisas crendo que este seja o natural e crê sem questionar nesse jogo imobiliário, vendo neste finito criado o infinito que só o incerto nos dá (ou não) a (in)certeza de existir. E o que há dentro deste grave e áspero que ainda não o despertou para o que lhe circunda? Que ainda não jogou para dentro de si toda(s) a(s) duvida(s) que desconstroem o tudo e lhe revelam o nada, e coloca o nada como a chave do tudo. Mas por outro lado, ninguém questiona as questões, o porquê dos porquês, e o porquê delas surgirem, será que estou tão errada quanto quem não questiona o que ingere?
quarta-feira, 9 de março de 2011
Sinta-se em casa.
Mas minha alma de criança, apesar de programada, não via o homem como um ser superior no sentido de mais capacitado e evoluído, mas sim no sentido de que ele sabia usar das ferramentas para promover mudanças, e que essas mudanças deviam abranger um bem maior, no caso, isso incluiria o que seria o “inferior”. “A Terra como casa do homem”, particularmente acho que a frase não devia ser assim. “O homem como hospede na Terra”, com certeza, elaborando dessa forma, a Terra toma seu verdadeiro papel, o principal. Por que mesmo a idéia de “casa” tem lá sua inferioridade perante o modelo hierárquico da vida construído pelo homem, agora, como hospede, você sempre vai precisar de usar a cordialidade, mais do que necessária durante a convivência.
Mas, a frase “A Terra como casa do homem”, pode ter lá sua utilidade psicológica, afinal, a forma como você trata a Terra é a forma como você se porta em sua casa, e a forma oposta também é válida. Mas não digo de forma literal, isso não quer dizer que o fato de deixar seu quarto bagunçado simbolize um desleixo pela organização social... O que quero dizer, é que se você tem olhos severos perante a postura de outrem na sua casa, provavelmente vai ter a mesma severidade na analise das posturas sociais. E mesmo nos raros momentos em que tiramos a marcara social, e deixamos toda nossa suavidade e espontaneidade tomar conta, isso ainda se reflete no seu olhar perante o mundo, se te julgas inapropriado sem a máscara, fará o mesmo juízo a qualquer outro que tenha correspondência de comportamento.
Agora, o homem assumindo o seu papel de hospede, talvez as proporções negativas de seus atos sejam repensadas, se o homem, começar a se ver como de fato é – apenas mais um animal, e em pé de igualdade com todos os outros seres vivos – ele passará a respeitar mas a casa em que está hospedado. Pois, veja bem, as diversidades culturais permitem formar grupos, e esses grupos só se formal pois se identificam uns com os outros. Se o homem, de alguma forma tiver, pelo simples fato de ser “ser vivo”, uma identificação com os outros, de forma a ser superior a essas variedades, o respeito mutuo seria possível e posto em prática. Se você está hospedado em uma casa, deve saber que há necessidade de respeitar o espaço do outro, respeitar as idéias dos outros, e até mesmo aprender a conviver com isso de forma a te acrescentar como pessoa, pois é assim que o homem deve se enxergar em sua breve hospedagem na Terra.
E se você não quer que a casa em que está desabe, deve prezar pelo seu bom funcionamento, de forma a não interferir em nada que impeça a sua harmonia, logo, tudo que é elemento natural dela, e que na maioria das vezes é anterior a você deve ser bem cuidado e respeitado. Principalmente pensando no fato, de que próximos hospedes viram, e que eles devem ter o direito de aproveitar a casa no máximo de suas potencialidades.
E sim, apesar de pertencer a geração que cresceu ouvindo a ladainha, nem sempre verdadeira, da sustentabilidade, ser a geração vista pelas mais velhas como vazia e sem fundamentos críticos, a geração consumida pelo marketing verde e tecnologias da globalização, a geração do "look at me"... Acho completamente coerente a minha história de conto de fadas acima, porque afinal, as grandes mudanças sempre começaram com a idealização de um sonho. Clichê, mas fato.
domingo, 8 de agosto de 2010
Qual ticket você comprou!?
É... Esse tom de deboche realmente me auxilia na difícil tarefa de desenhar o meu desdém pela necessidade primária de me ignorarem. Pode não parecer - é claro que não parece, eu faço questão de fingir que isso não existe em mim - mas me dói (em progressão geométrica) o rumo de minhas relações humanas. "Foda-se", palavra vulgar e inerente em meu vocabulário de respostas à postura infame de meus queridíssimos colegas de infância - eles, tão preocupados com a sua pomposa imagem social, não podem (é claro) adicionar em redes sociais pessoas de moral tão deslustre, gente vil, que não sabe se vestir. Por que para essa massa de gente notável e com perfeitas condições morais para julgamento: Reputação manchada é sinônimo de mesquinharia, sinônimo de ingresso para as reclusas cadeiras da exclusão, logo, mesmo que sejam seus amigos de infância, ou pessoas que te viram crescer, se cruzar em alguma esquina de sua pacata cidade por "esse tipo de gente" a conduta correta e mais indicada pelos orgãos de segurança pública é o velho e clássico teatro de "desconheço você" ou ainda uma sagaz e prática encenação da peça "sou uma pessoa distraída", alertamos ainda pelas vastas vantagens desta última, afinal de contas, você não se compromete!
sábado, 12 de junho de 2010
Um muro com um tijolo a menos, ou um tijolo que abandonou seu muro?
terça-feira, 16 de março de 2010
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Não sei mais o que fazer, não quero que acabe assim... Como as pessoas são tolas.
O real intuito está tão estampado quanto o "adorável novo perfil empresárial"...
Estupidos, não há o que dizer, como acreditam disso?
Há quem venha defender, dizendo "antes isso do que nada"...
Prefiro o nada, a essa hipocrisia...
NÃO, eles NÃO querem a melhora.
NÃO querem a bem da humanidade, do meio ambiente e das relações sociais...
Eles querem a sua cabeça.
Brincam como se fossem todos bonecos, vez ou outra passam a mão encima da casa de bonecas e dizem "Desculpa, não vou te tacar mais essas velhas porcarias, vou lhe tacar porcarias novas, porque os bonecos não sabe o que são, vamos enganar eles dizendo que estamos cuidando da casa "
Quantas vezes vou ter que bater o pé?
Não é isso que eles querem, querem um mundo casa vez mais servo, cada vez menos nosso...
Nós pagamos para ter coisas que destroem aonde vivemos, mas é completamente ridiculo acharmos que todo esse movimento global tem realmente o intuito de diminuir o impacto...
Faça sua parte. rs
quarta-feira, 11 de novembro de 2009
O agrado que desagrada
Mas não me acho. Vejo a vida, eu amo a vida, eu quero tocá-la. Gosto das pessoas, das suas diferenças, da diversidade, das qualidades e dos defeitos, dos sentimentos, das pequenas e das grandes coisas, eu gosto de tudo que por menor quantidade que seja, contenha vida...
E sinto que tenho lá meu papel, ainda que não descoberto, ainda que me pareça intocável e que me sinta cada vez inútil em relação a tudo isso... Não suporto a atual situação do mundo, não acho que alguém mereça sofrer mais do que o normal. As pessoas sonham, tem vida e sentimentos, e pouco isso se faz notado pelos outros homens..
O mundo se move de ganância, de ambição e da maldade dos homens. Quase não há almas bondosas que olhem para baixo e vejam toda essa hipócrita situação... Não tem nexo, não faz conexão com nenhum ponto de vista coerente. Como existem situações dessa forma?
Como o homem consegue olhar para seus semelhantes e não se sensibilizar com a situação? Como todos conseguem ser tão regados de egoísmo, e tão permanentemente desinteressados na vida?
E é por isso, mesmo que não bem explicado, que eu olho com repulsa e enojada toda essa condição humana, todo essa maldita hipnotização pelos excessos...
Mas eu não vejo meus pés saírem do chão, não movo um dedo em direção a mudança, me sinto presa e não consigo voar. E talvez, quando eu encontrar o motivo de tal prisão eu venha dizer o que me prendia de fato, e como consegui me libertar...
Mas até lá, eu vou amando a vida, amando a diversidade, e indo, mesmo que quase sem mover, em direção a um futuro incerto que me agrada os olhos...
Rumo á vida.
segunda-feira, 12 de outubro de 2009
E tenho dito..
quarta-feira, 23 de setembro de 2009
Soluços de Rabanete
"Enche o olho de lágrima, esvazia a alma de dor. Em pequenas fatias se encontra a vida, como tortas de amora, goiaba e cereja, cada doce uma forma, cada forma um sabor. E na ponta do pé leva o sentimento, na cor rosa pérola que reluz os tons de olhos observadores... E com leveza com um toque de acorde que ao mesmo tempo é triste e feliz vai tecendo sua renda com detalhes e desenhos únicos e sem aroma definido... De tão leve voa, e se dissipa no ar, como som de piano bem tocado se perde dentro de si. E como flor em fim de vida, perde as pétalas mas não a sutileza, e morre deixando o cheiro ainda no nariz da bela que a recebeu de seu amante e agora chora pela perda da sua última e mais macia paixão."
Nem rodelas de pepino deixadas no canto do prato me pareceriam tão amarguradas, é muita asneira para um papel só.
quinta-feira, 20 de agosto de 2009
Cosmopolita paradoxal
domingo, 9 de agosto de 2009
Palco de mentiras
sexta-feira, 7 de agosto de 2009
Silêncio abrangente
A grama verde entre os dedos, a encostar delicadamente, não apenas em tua pele, mas também em tua alma, floresce, e transforma em flor toda a massa acinzentada de fuligem.
Não há nada além de essência, de ar puro que enche os pulmões, de olhos preenchidos com horizontes esverdeados.
Em pequenas sutilezas, com gestos e olhares tão profundos quanto poço de desejos sem fim, e ao mesmo tempo tão superficiais quanto colherzinha de café meio cheia.
Toda uma história, uma sabedoria, passada pelas paredes velhas, sujas e repintadas varias vezes, todo um tom de seriedade misturado com infância e doce de leite.
Não há nada além de você, o mato, e pessoas que mesmo que o tempo passe e você perca contato ainda terão o mesmo olhar sincero e acolhedor de sempre.
É belo e limpo por si só, o que mais o embeleza é a leveza na qual comove e cativa.